quinta-feira, 22 de julho de 2010

LITORAL EM PERIGO


Ilustrações Anna Cunha

Restinga

Para aproximar os alunos das discussões ambientais, apresente a eles a restinga e mostre como o homem altera as suas características

Estudar a vegetação que cresce em meio à areia das praias brasileiras, dividindo espaço com conchas e siris, não pode ser uma tarefa somente de quem mora perto do litoral. Restringir a abordagem do assunto dessa maneira seria o mesmo que somente quem mora próximo a ela explorar questões ligadas à floresta Amazônica. E mais: com a crescente e desenfreada ocupação da costa, a cobertura vegetal das áreas de restinga está desaparecendo e precisa ser conservada. Parte integrante da mata Atlântica, as plantas desse ecossistema, formado no período geológico quaternário (que envolve a história da Terra nos últimos 2,58 milhões de anos), já cobriram toda a faixa costeira brasileira, nos 17 estados litorâneos. Hoje, o cenário é desolador: só uma pequena área está preservada.

VEJA QUADRO: Uma rica flora à beira-mar

As crianças precisam conhecer as particularidades desse ecossistema para saber por que e como protegê-lo. Quando intacta, por exemplo, a mata de restinga impede que a areia se desloque para outras áreas, seja para o interior de lagos e manguezais, seja para dentro de casas e quiosques. "As turmas do 4o e do 5o ano precisam conhecer o que é característico desse ecossistema num âmbito geral. Detalhes devem ser explorados no 6º e no 7º ano", explica Carla Beatriz Barbosa, coordenadora de Educação Ambiental do Aquário de Ubatuba, em Ubatuba, a 234 quilômetros de São Paulo.

No caso de quem leciona no interior e não pode analisar a restinga ao vivo, buscar textos, fotos, vídeos e outros materiais para apresentar o tema e fomentar discussões e análises sobre ele é indispensável (leia a sequência didática). No entanto, se a praia é o quintal da escola ou fica a poucas horas de viagem, é interessante desenvolver um trabalho com as crianças para estudar in loco. Mas atenção: sair a campo não dispensa o professor de planejar aulas expositivas e com situações-problema para os alunos resolverem. Visitar a restinga, esteja ela conservada ou devastada, só faz sentido se for uma atividade com propósitos claros e significativos para a aprendizagem.


CADÊ A MATA QUE ESTAVA AQUI?

Todo o litoral brasileiro era coberto por plantas da restinga brasileira. Com a ocupação humana da área, pouco restou.

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* Considerando apenas vegetação arbórea.
Fonte: Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 2009

VARIEDADE DE PLANTAS COMPÕE A MATA DA RESTINGA
Devido a presença de areais, correntes litorâneas, alteração do nível do mar e aporte de sedimentos, essa vegetação é adaptada a ventos fortes e solos pobres em nutrientes. A restinga faz a transição entre o ecossistema marinho e o terrestre, exercendo a função de fixadora de areia e estabilizadora de ecossistemas costeiros, como os mangues.

"As plantas que a compõem estão distribuídas segundo as características do solo e da inf luência dos rios que serpenteiam por ela e das marés, que, por causa da variação diária do nível de água e da salinidade, afastam as mais sensíveis a essas condições", diz João Carlos Nucci, geógrafo da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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